Evolução
Como surgiu a vida no ambiente terrestre?
E como ela evoluiu? Para responder a
essas duas questões, pode-se recorrer a argumentos científicos ou não.
Ainda é comum a crença segundo a qual a vida teria sido originada e
evoluiu a partir da ação de um Criador. Por outro lado, existem muitas
evidências científicas, muitas delas apoiadas por procedimentos
experimentais, de que a vida surgiu e evoluiu de maneira lenta e
progressiva, com a participação ativa de inúmeras substâncias e reações
químicas, de processos bioenergéticos e, claro, com a participação
constante do ambiente. O estudo científico da origem da vida e da
evolução biológica, esta unificadora das diversas áreas biológicas, é um
dos mais fascinantes desafios da Biologia atual.
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BIG BANG: A formação do Universo
Os cientistas supõem que, há cerca de 10 a 20 bilhões de anos, uma massa compacta de matéria explodiu – o chamado Bing Bang
-, espalhando seus inúmeros fragmentos que se movem até hoje pelo
Universo. Acreditam, esses cientistas, que os fragmentos se deslocam
continuamente e, por isso, o Universo estaria em contínua expansão.
À medida que esses fragmentos se tornaram mais
frios, os átomos de diversos elementos químicos, especialmente
hidrogênio e hélio, teriam sido formados.
O Sol teria se formado por volta de 5 a 10 bilhões de anos atrás.
O material que o formava teria sofrido compressões devido à força de
atração gravitacional, e ele teria entrado em ignição, liberando grande
quantidade de calor. Com isso, outros elementos, derivados do hélio e do
hidrogênio, teriam se formado. Da fusão de elementos liberados
pelo Sol, com grande quantidade de poeira e gases, teria se originado
inúmeros planetas, entre eles a Terra.

Atualmente, há duas correntes de pensamento entre os cientistas com relação à origem da vida na Terra: uma que teria surgido a partir de outros planetas (panspermia), e outra, que teria se desenvolvido gradativamente em um longo processo de mudança, seleção e evolução.
A evolução do metabolismo
Analisamos até agora o surgimento das primeiras
formas vivas, e você deve ter notado que já mencionamos, para essas
formas, algumas características importantes para conceituar um ser vivo.
Esses primeiros organismos possuem compostos orgânicos na constituição
de seus corpos, são celulares (unicelulares, no caso) e têm capacidade
de reprodução.
Não discutimos ainda uma outra característica dos seres vivos: o metabolismo. Vamos, então, analisar como deve ter sido a provável evolução das vias metabólicas nos seres vivos.
Todo o ser vivo precisa de
alimentos, que são degradados nos processos metabólicos para a liberação
de energia e realização das funções. Esses alimentos degradados também
podem ser utilizados como matéria-prima na síntese de outras substâncias
orgânicas, possibilitando o crescimento e a reposição de perdas.
Vamos analisar, então, como esses primeiros seres
conseguiam obter e degradar o alimento para a sua sobrevivência. Duas
hipóteses têm sido discutidas pelos cientistas: a hipótese heterotrófica e a autotrófica.
Hipótese heterotrófica
Segunda essa hipótese, os primeiros organismos
eram estruturalmente muito simples, sendo de se supor que as reações
químicas em suas células também eram simples. Eles viviam em um ambiente
aquático, rico em substâncias nutritivas, mas provavelmente não havia
oxigênio na atmosfera, nem dissolvido na água dos mares. Nessas
condições, é possível supor que, tendo alimento abundante ao seu redor,
esses primeiros seres teriam utilizado esse alimento já prono como fonte
de energia e matéria-prima. Eles seriam, portanto, heterótrofos (hetero = diferente, trofos
= alimento): organismos que não são capazes de sintetizar seus próprios
alimentos a partir de compostos inorgânicos, obtendo-os prontos do meio
ambiente.
Os seres capazes de sintetizar seus próprios alimentos a partir de substâncias inorgânicas simples são chamados de autótrofos (auto = próprio, trofos = alimento), como é o caso das plantas.
Uma vez dentro da célula, esse alimento precisa
ser degradado. Nas condições da Terra atual, a via metabólica mais
simples para se degradar o alimento sem oxigênio é a fermentação, um
processo anaeróbio (an = sem, aero= ar, bio =
vida). Um dos tipos mais comuns de fermentação é a fermentação
alcoólica. O açúcar glicose é degradado em álcool etílico (etanol) e gás
carbônico, liberado energia para as várias etapas do metabolismo
celular.
Esses organismos começaram a aumentar em número
por reprodução. Paralelamente a isso, as condições climáticas da Terra
também estavam mudando a ponto de não mais ocorrer síntese pré-biótica
de matéria orgânica. Desse modo, o alimento dissolvido no meio teria
começado a ficar escasso.
Com alimento reduzido e um grande número de
indivíduos nos mares, deve ter havido muita competição, e muitos
organismos teriam morrido por falta de alimento. Ao mesmo tempo, teria
se acumulado CO2 no ambiente. Acredita-se que nesse novo
cenário teria ocorrido o surgimento de alguns seres capazes de captar a
luz solar com o auxílio de pigmentos como a clorofila. A energia da luz
teria sido utilizada para a síntese de seus próprios alimentos
orgânicos, a partir de água e gás carbônico. Teriam surgido assim os
primeiros seres autótrofos: os seres fotossintetizantes (foto = luz; síntese em presença de luz), que não competiam com os heterótrofos e proliferaram muito.
Esses primeiros seres fotossintetizantes foram fundamentais na modificação da composição da atmosfera: eles introduziram o oxigênio no ar, e a atmosfera teria passado de redutora a oxidante.
Até os dias de hoje, são principalmente os seres fotossintetizantes que
matem os níveis de oxigênio na atmosfera, o que é fundamental para a
vida no nosso planeta. Em condições de baixa disponibilidade de
moléculas orgânicas no meio, esses organismo aeróbios teriam grande
vantagem sobre os fermentadores.
Havendo disponibilidade de oxigênio, foi
possível a sobrevivência de seres que desenvolveram reações metabólicas
complexas, capazes de utilizar esse gás na degradação do alimento.
Surgiram, então, os primeiros seres aeróbios, que realizam a
respiração. Por meio da respiração, o alimento, especialmente o açúcar
glicose, é degradado em gás carbônico e água, liberando muito mais
energia para a realização das funções vitais do que na fermentação.
A fermentação, a fotossíntese e a respiração
permaneceram ao longo do tempo e ocorrem nos organismos que vivem
atualmente na Terra. Todos os organismos respiram e/ou fermentam, mas
apenas alguns respiram e fazem fotossíntese.
HIPÓTESE HETEROTRÓFICA
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Fermentação --> Fotossíntese --> Respiração
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Hipótese autotrófica
Alguns cientistas têm argumentado que os seres
vivos não devem ter surgido em mares rasos e quentes, como proposto por
Oparin e Haldane, pois a superfície terrestre, na época em que a vida
surgiu, era um ambiente muito instável. Meteoritos e cometas atingiam essa superfície com muita freqüência, e a vida primitiva não poderia se manter em tais condições.

Logo no início da formação da Terra, meteoritos
colidiram fortemente com a superfície terrestre, e a energia dessas
colisões era gasta no derretimento ou até mesmo na vaporização da
superfície rochosa. Os meteoritos fragmentavam-se e derretiam,
contribuindo com sua substância para a Terra em crescimento. Um impacto
especialmente violento pode ter gerado a Lua, que guarda até hoje em sua
superfície as marcas desse bombardeio por meteoritos. Na superfície da
Terra a maioria dessas marcas foi apagada ao longo do tempo pela erosão.

A maioria dos meteoritos se queima até
desaparecer quando entra na atmosfera terrestre atual e brilha no céu
como estrelas cadentes. Nos primórdios, os meteoritos eram maiores, mais
numerosos e atingiam a Terra com mais freqüência.
Alguns cientistas especulam
que os primeiros seres vivos não poderiam ter sobrevivido a esse
bombardeio cósmico, e propõem que a vida tenha surgido em locais mais
protegidos, como o assoalho dos mares primitivos.
Em 1977, foram descobertas nas profundezas oceânicas as chamadas fontes termais submarinas, locais de onde emanam gases quentes e sulfurosos que saem de aberturas no assoalho marinho.
Nesses locais a vida é abundante. Muitas bactérias que aí vivem são
autótrofas, mas realizam um processo muito distinto da fotossíntese.
Onde essas bactérias vivem não há luz, e elas são a base de uma cadeia
alimentar peculiar. Elas servem de alimento para os animais ou então são
mantidas dentro dos tecidos deles. Nesse caso, tanto os animais como as
bactérias se beneficiam: elas têm proteção dentro do corpo dos animais,
e estes recebem alimentos produzidos pelas bactérias.
A descoberta das fontes termais levantou a
possibilidade de que a vida teria surgido nesse tipo de ambiente
protegido e de que a energia para o metabolismo dos primeiros seres
vivos viria de uma mecanismo autotrófico denominado quimiossíntese.
Alguns cientistas acreditam que os primeiros seres vivos foram
bactérias, que obtinham energia para o metabolismo a partir da reação
entre substâncias inorgânicas, como fazem as bactérias encontradas
atualmente nas fontes termais submarinas e em outros ambientes muito
quentes (com cerca de 60 a 105ºC) e sulfurosos. Segundo essa hipótese,
parece que toda a vida que conhecemos descende desse tipo de bactéria,
que devia ser autotrófica.
Os que argumentam a favor dessa hipótese
baseiam-se em evidências que sugerem abundância de sulfeto de hidrogênio
(gás sulfídrico, H2S, que tem cheiro de ovo podre) e
compostos de ferro na Terra primitiva. As primeiras bactérias devem ter
obtido energia de reações que tenham envolvido esses compostos para a
síntese de seus componentes orgânicos.
Algumas bactérias que vivem atualmente em fontes
quentes e sulfurosas podem realizar a reação química a seguir, que,
segundo a hipótese autotrófica, pode ter sido a reação fundamental
fornecedora de energia para os primeiros seres vivos:
| Sulfeto ferroso + gás sulfídrico ---> sulfeto férrico + gás hidrogênio + energia (pirita, um mineral comum) |
A energia liberada por essas reação pode ser
usada pelas bactérias para a produção de compostos orgânicos essenciais
para a vida, a partir de CO2 e H2O.
Assim, segundo essa hipótese, a quimiossíntese
- um processo autotrófico – teria surgido primeiro. Depois teriam
surgido a fermentação, a fotossíntese e finalmente a respiração.
Os debates sobre origem da vida ainda darão muito
o que falar. A hipótese mais aceita sobre a evolução do metabolismo
ainda é a heterótrofa, embora a hipótese autótrofa venha ganhando cada
vez mais força.
Vida multicelular
Como surgiram os seres multicelulares? Evidências obtidas de estudos geológicos sugerem que os primeiros multicelulares simples surgiram na Terra há cerca de 750 milhões de anos! Antes
disso houve o predomínio de vida unicelular, como formas eucarióticas
simples. A partir dessa data, surgem os primeiros multicelulares,
originados dos unicelulares eucariotos existentes.
Desde então, a evolução não parou mais!

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